“A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro,
e eu aqui parada, pateta, sentada no bar.
A fala da personagem ecoa e traz consigo a força de milhares de outros corpos, almas, pessoas que se encontram na mesma situação niilista, se sentindo ‘por fora do movimento da vida’, como diz a mesma personagem. É o eco-reflexo de uma multidão que aprisiona seus sentimento e suas angústias por se encontrarem em um mundo que ainda não aprendeu a respeitá-los. “Dama da Noite” é um porta voz de tantas outras vozes. É uma boca que, aberta, emana o grito aprisionado de um sem-número de bocas que encontraram no silêncio sua melhor fantasia, não por escolha, mas por medo, incompreensão ou falta de uma outra – e mais digna – opção. (“Olha bem pra mim – tenho cara de quem escolheu alguma coisa na vida?“)
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